
Uma gota de suor engomando a axila esquerda, que sempre fedeu mais que a direita, talvez por um furor qualquer de adolescente, já que o canhoto sempre se masturbou com a mão esquerda. Mais não haveria de ter, estava de saída, era o bastante para um dia. Pensava se era igual nos banheiros de São Paulo, nos banheiros do Rio de Janeiro, e nos de Nova Iorque e Amsterdã. O de sua casa tinha um vazamento, e ele sabia não adiantar mandar instalar um alçapão no forro. Era tudo muito úmido, dentro e fora da nudez do banho. As mesmas gotículas de água no espelho do banheiro, às vezes pela casa toda havia vapores de hálitos diferentes, e ele já não distinguia o seu. Desejo incontido de observar seu sexo murchar como a ponta dos dedos, a pele toda, dentro e fora. Mas esquecia, sempre, a vergonha, debaixo do tapetinho puído, e regava o vasinho de jacintos mortos-mortos, mal posto sobre a pia.
Foto: Slava Mogutin